XII


XII

Amanhece.
A janela não foi fechada ontem à noite, com a certeza que virias. E vieste. E foste.
Foi naquele momento em que as estrelas brilharam. Foi naquele momento em que a brisa se tornou mais fresca. Foi naquele momento único de silêncio total. Então tu vieste, tocaste-me de leve e sorriste. Vi o meu rosto empalidecer em teus olhos, não deixaste o sorriso e voltaste a tocar-me.


«Tenho saudades tuas.» repeti-o tantas vezes, até ter a certeza de que me conseguias escutar.
«Estou aqui Maria, consegues ver-me? Olha para mim. Vês? Estou aqui. Consegues sentir-me? »
Sim. Eu vi-te, eu senti-te, senti a tua respiração, as tuas palavras ditas com doçura e desespero, eu senti o teu suspiro e depois partiste.
A noite acabou e o medo voltou.
“Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acabas todo dia. Que morres no amor.”
Eu tenho esse medo. Tenho medo que na próxima noite não voltes. Tenho medo que na próxima as estrelas não te tragam até mim.

O sol teima em aparecer.

Não! Não... eu não quero mais o sol, eu quero a noite, as estrelas, quero-te a ti. Sim, é de ti que a minha alma se alimenta. Não a deixes definhar, volta logo, por favor. Promete que logo voltas para me ver, me tocar, me sorrir...



É dia feito, já. Acordei e ainda te senti, estavas dentro de meu peito.
“Tu tens um medo: Acabar.”

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom descanso e boas férias, Martinha!

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