VI



VI

Vieste,
lá do longe, do infinito.
Conheceste e deste a conhecer.
Trazias o peito aberto,
recebeste também.
Fixaste-me na tua alma,
enamoraste-me e eu,
eu enamorei-te também.

Agora apertas-me o peito,
fazes-me viver a mais profunda das tristezas,
numa feroz agonia
sem fim.

Suja, deixaste-me suja.
Seca, má e perdidamente suja


Está absorvido em mim,
o horror eterno à vida,
sem ti.

Em miserável tarde me deixaste.
Não, não escutaste.
Nem sequer sentiste
minha pobre alma encarcerada.

Foste, completamente só
de olhos apagados e braços baixos,
derrotado.
Que mais poderias esperar dela?
Traiçoeira,
é traiçoeira, a vida...
desengana-te...

Arrisquei um perdão,
ignoraste-o.
Arrisquei um acto de loucura,
ignoraste-me – pior ainda.

Olha, olha-me agora.
Vê este corpo esfarrapado,
sem nada, sem alma,
vazio.

De entre a escuridão, ainda espero:
Tu ou a morte.

(continua)

2 comentários:

Anónimo disse...

Qual prefere?

Marta Lopes disse...

Ele!